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0590_economia

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ID0590_economia
Instituiçãog1
Ano2025
Propósito comunicativonoticiar

Dólar sobe e fecha a R$ 5,66, após anúncio do bloqueio de R$ 31 bilhões e alta do IOF; Ibovespa cai

Oferecido por Por Redação g1 — São Paulo 22/05/2025 09h00 Atualizado 23/05/2025 O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (22), a R$ 5,66, após o governo anunciar um bloqueio no Orçamento brasileiro para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2025, além de um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, também mudou de direção e encerrou em queda. O governo brasileiro vive o desafio de manter o crescimento do país e a população empregada, mas sem que a inflação dispare. O mercado considerou o bloqueio positivo, mas o relatório mostra que as despesas foram revisadas para cima e a alta do IOF foi considerada apenas mais uma medida paliativa. Nos EUA, a grande notícia econômica foi a aprovação pela Câmara dos Deputados dos EUA de um projeto de lei proposto pelo presidente americano Donald Trump para cortar impostos. Funcionário de banco em Jacarta, na Indonésia, conta notas de dólar, em 10 de abril de 2025 — Foto: Tatan Syuflana/ AP O dólar inverteu o sinal negativo do início do pregão e fechou em alta nesta quinta-feira (22), a R$ 5,66. O avanço da moeda veio após o governo anunciar um bloqueio no Orçamento brasileiro para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2025, além de um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, também mudou de direção e encerrou em queda. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento anunciaram um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, no relatório bimestral de Receitas e Despesas do governo. Já o aumento do IOF tem o objetivo de arrecadar R$ 20,5 bilhões a mais neste ano e R$ 41 bilhões em 2026. O governo brasileiro vive o desafio de manter o crescimento do país e a população empregada, mas sem que a inflação dispare. O mercado considerou o bloqueio positivo, mas o relatório mostra que as despesas foram revisadas para cima e a alta do IOF foi considerada apenas mais uma medida paliativa. Nos EUA, a grande notícia econômica foi a aprovação pela Câmara dos Deputados dos EUA de um projeto de lei proposto pelo presidente americano Donald Trump para cortar impostos. De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, as novas medidas devem adicionar cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões do governo federal americano na próxima década. O mercado financeiro já estava incomodado com a guerra tarifária do republicano — principalmente após a agência Moody's de classificação de risco ter rebaixado a nota de crédito do país. Veja abaixo o resumo dos mercados. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair Dólar O dólar fechou em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,6614. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6803. Veja mais cotações. Com o resultado, acumulou: recuo de 0,13% na semana;queda de 0,27% no mês; eperda de 8,39% no ano. Na véspera, a moeda americana fechou em queda de 0,46%, cotada a R$ 5,6431. Ibovespa O Ibovespa encerrou em queda de 0,44%, aos 132.273 pontos. Com o resultado, o índice acumulou: queda de 1,38% na semana;avanço de 1,63% no mês; eganho de 14,12% no ano. Na véspera, o índice fechou em queda de 1,59%, aos 137.881 pontos. O que está mexendo com os mercados? No Brasil, as atenções do mercado financeiro ficaram voltadas para a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas do governo. O bloqueio foi de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. Para calcular a necessidade de bloqueio no orçamento, o governo fez uma nova estimativa das receitas e despesas para este ano. O detalhamento de quais ministérios serão atingidos pelo bloqueio será divulgado até o fim deste mês. O bloqueio acontece por conta do limite de gastos do arcabouço fiscal, a nova regra para as contas públicas aprovada no ano passado, e também para cumprir a meta fiscal. No caso arcabouço, a equipe econômica estimou que as despesas, previstas para este ano, estão de R$ 10,6 bilhões acima do limite do arcabouço.Além disso, há um contingenciamento (também um tipo de bloqueio) de R$ 20,7 bilhões, com o objetivo de buscar o cumprimento da meta fiscal deste ano. Para este ano, a meta é zerar o déficit das contas, que somou R$ 43 bilhões em 2024. O governo pode ter um déficit de até 0,25% do PIB sem que o objetivo seja formalmente descumprida, o equivalente a cerca de R$ 31 bilhões.Para fins de cumprimento da meta fiscal, também são excluídos outros R$ 44,1 bilhões em precatórios, ou seja, decisões judiciais. O governo ainda informou que vai aumentar o IOF como forma de arrecadar mais, pois, caso contrário, o bloqueio de gastos orçamentários precisaria ser ainda maior. Atualmente, o IOF é cobrado da seguinte maneira: Uma alíquota de 0,38% na contratação de crédito, incidente sobre o valor total;Um valor adicional diário de 0,0082% por dia para operações de até 30 dias;Um valor adicional diário de 0,0041% para operações entre 31 e 90 dias;Alíquota zero a partir do 91º dia;Financiamentos de imóveis residenciais são isentos de IOF;Alíquota de 3,38% para compras no exterior com cartão de crédito ou cartões pré-pagos internacionais (carregados com dólar);Alíquota de 1,1% para compra de moeda estrangeira em espécie (dinheiro vivo);Importações, exportações, remessa de lucros, dividendos ao exterior e movimentações de capital estrangeiro tem alíquota zero. Com a mudança, vai ficar assim: Uma alíquota de 0,95% na contratação de crédito por empresas (com exceção do Simples), incidente sobre o valor total;Uma alíquota de 0,38% na contratação de crédito para empresas do Simples, incidente sobre o valor total;Um valor adicional diário de 0,0082% por dia para empresas de forma geral;Um valor adicional diário de 0,00274% por dia para empresas do Simples;Planos de VGBL, de previdência complementar, com aportes mensais acima de R$ 50 mil terão uma alíquota de 5%;Nas operações cambiais, haverá uma alíquota de 3,5% para cartões internacionais, remessas ao exterior e empréstimos externos de curto prazo;Operações comerciais, remessas de lucros, dividendos e movimentações de capital estrangeiro seguem com alíquota zero. Os receios fiscais dos investidores também têm sido ampliados pelos pedidos de reembolso dos aposentados e pensionistas vítimas da fraude dos descontos associativos do INSS. Segundo o instituto, mais de 1,8 milhões de pessoas já haviam solicitado a devolução até quarta-feira (21). Por fim, o mercado ainda avalia os impactos da nova medida provisória do governo que altera regras do setor elétrico e amplia descontos na tarifa de energia. Segundo dados do governo, cerca 55 milhões de brasileiros serão beneficiados com desconto e 60 milhões com a isenção da conta de luz. Pelo fato de o governo ter uma política fiscal expansionista (gasta em excesso), o Banco Central do Brasil (BC) tem mantido a taxa de juros básica da economia brasileira em patamar elevado (14,75%). A lógica é que juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda. Na última segunda-feira (19), o presidente do BC, Gabriel Galípolo, reforçou que, diante do cenário atual, faz sentido manter os juros em patamar alto por mais tempo. O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país. Cenário fiscal dos EUA Já para os mercados globais, a notícia do dia é a aprovação pela Câmara dos Deputados dos EUA do "One Big Beautiful Bill Act" ("Um projeto grande e bonito", na tradução), nomeado pelos republicanos em homenagem ao presidente Donald Trump. O pacote, que agora segue para o Senado, busca tornar permanentes os cortes de impostos de renda individual e sobre herança aprovados no primeiro mandato de Trump, em 2017, além de promulgar promessas que ele fez na campanha de 2024 de não tributar gorjetas, horas extras e juros de alguns empréstimos para automóveis. Para compensar parcialmente a perda de receita, a legislação propõe cancelar incentivos à energia verde aprovados pelo ex-presidente democrata Joe Biden e restringe a elegibilidade para programas de saúde e alimentação para os pobres. Mesmo assim, as medidas devem adicionar cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida americana, que já corresponde a 124% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Segundo o presidente-executivo do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, apesar de o projeto sobre impostos e gastos ter potencial para ajudar a trazer estabilidade para o país, ele não é propício para a redução do déficit público. "Acho que eles deveriam fazer a lei tributária. Acho que isso estabilizará um pouco as coisas, mas provavelmente aumentará o déficit", afirmou o executivo na Cúpula Global da China do JPMorgan em Xangai. A preocupação com a situação fiscal dos EUA foi, inclusive, um dos argumentos usados pela agência Moody's para rebaixar a nota de crédito dos EUA. Segundo a companhia, "as sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros". Incomodados com essa situação, e também com as medidas tarifárias de Trump, os investidores estão vendendo cada vez mais o dólar e outros ativos americanos que constituem a base do sistema financeiro global. Nesta quarta-feira (21), 12 estados norte-americanos entraram com uma ação judicial para suspender as tarifas do republicano, alegando que Trump extrapolou sua autoridade ao declarar emergência nacional para taxar parceiros comerciais. Agenda de indicadores e noticiário global Entre os indicadores do dia, o mercado repercute a divulgação dos novos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que registraram uma queda na semana passada, para 227 mil. O número sugere que a economia manteve um ritmo constante de crescimento do emprego em maio. Além disso, a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) dos EUA, divulgada pela SP Global mostrou que a atividade empresarial norte-americana acelerou neste mês, em meio à trégua comercial com a China. As tarifas abrangentes de Trump sobre produtos importados, no entanto, elevaram os preços para empresas e consumidores. Ainda nos EUA, a Associação nacional de Corretores de imóveis do país informou que as vendas de moradias usadas caíram de forma inesperada em abril, apesar de uma queda temporária nas taxas de hipotecas e do aumento da oferta. A expectativa é que esse número se mantenha em meio à crescente incerteza econômica por lá. Na Ásia, um membro da diretoria do Banco Central do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Asahi Noguchi, afirmou nesta quinta-feira que não vê necessidade de uma intervenção no mercado de títulos para conter os recentes aumentos acentuados nos rendimentos de prazos mais longos. Já na Europa, o banco central alemão afirmou que a economia do país deve ficar estagnada novamente neste trimestre, uma vez que as tarifas dos EUA afetam as exportações e os novos planos de gastos de Berlim não irão sustentar o crescimento até o próximo ano.


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