1116_economia
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Oferecido por Por André Catto, g1 09/04/2025 14h22 Atualizado 09/04/2025 O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) que aumentará para 125% a tarifa sobre a importação de produtos da China. No último dia 2 de abril, o norte-americano anunciou taxas de importação sobre 180 países de todo o mundo. A China passou a retaliar a medida e entrou em uma disputa comercial com os EUA. Trump disse esperar que, "em um futuro próximo, a China perceba que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis". Trump anunciou que irá reduzir para 10% as taxas a outros países, pelo prazo de 90 dias, porque ‘não retaliaram de forma alguma contra os EUA’. Apesar da nova ofensiva contra os chineses, o recuo de Trump em relação ao tarifaço fez o humor dos mercados mudar completamente. As bolsas de valores ganharam força e o dólar caiu. Trump eleva para 125% tarifas contra China O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na tarde desta quarta-feira (9) que aumentará para 125% a tarifa sobre a importação de produtos da China. A medida tem efeito imediato. A decisão é mais um episódio da nova disputa comercial entre EUA e China, iniciada pelo tarifaço de Trump. No último dia 2 de abril, o norte-americano anunciou taxas de importação de 10% a 50% sobre 180 nações de todo o mundo. De lá para cá, houve retaliações entre os dois países, subindo tarifas. Os EUA haviam imposto uma taxa de 104% aos produtos chineses, que entraria em vigor nesta quarta. Em resposta, o Ministério das Finanças da China anunciou que subiria tarifas para 84% sobre os produtos americanos. (saiba mais abaixo) "Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato", escreveu Trump em sua rede social. O republicano disse esperar que, "em um futuro próximo, a China perceba que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis". Na mesma publicação, o líder norte-americano anunciou que irá reduzir para 10% as taxas recíprocas a outros países, pelo prazo de 90 dias. Ele se referiu à decisão como uma "pausa" no tarifaço, que há uma semana resultou na escalada da guerra comercial global. "Autorizei uma pausa de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato", escreveu Trump. O republicano afirmou que a decisão teve como base o fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos EUA, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e USTR (agência do governo para o comércio exterior), para negociar uma solução ao tarifaço. "Esses países não retaliaram de forma alguma contra os EUA", acrescentou. Na prática, os EUA passam a ter agora uma taxa geral de 10% sobre quase todas as importações do país, o que inclui produtos brasileiros. Tarifas específicas já em vigor, como as de 25% sobre aço e alumínio, não são afetadas pela medida — e continuam valendo. Trump em evento do Comitê Nacional Republicano para o Congresso — Foto: Reuters Entenda como a tarifa sobre a China chegou a 125%: No início de fevereiro, os EUA aplicaram uma taxa extra de 10% sobre as importações vindas da China, que se somou à tarifa de 10% que já era cobrada do país, chegando a 20%;Na quarta-feira da semana passada, dia 2 de abril, Trump anunciou seu plano de "tarifas recíprocas" que incluía uma taxa extra de 34% à China, elevando a alíquota sobre os produtos do país asiático a 54%;Após a retaliação chinesa que também impôs tarifas de 34% sobre os EUA, a Casa Branca confirmou mais 50% em taxas sobre as importações chinesas, deixando a tarifa sobre o país no patamar de 104%.Com o anúncio de que a China irá elevar a 84% as taxas sobre os produtos norte-americanos, Trump decidiu subir para 125% a tarifa contra os asiáticos, na mais nova ofensiva. Veja a íntegra da nota de Donald Trump Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato. Em algum momento, esperançosamente em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis. Por outro lado, e com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e USTR, para negociar uma solução para os assuntos em discussão relativos a Comércio, Barreiras Comerciais, Tarifas, Manipulação Cambial e Tarifas Não Monetárias, e que esses países não retaliaram de forma alguma contra os Estados Unidos, por minha forte sugestão, autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato. Obrigado pela sua atenção a este assunto! Trump eleva tarifas contra a China para 125% — Foto: Truth Social/Reprodução A guerra tarifária entre os gigantes mundiais A nova decisão de Trump vem na esteira das reações chinesas às tarifas impostas pelos EUA. Nesta quarta, os asiáticos anunciaram taxas de 84% sobre os produtos importados dos norte-americanos, com previsão de que a medida passe a valer nesta quinta (10). O contra-ataque chinês veio em resposta à taxa de 104% aplicada pelos EUA — medida que entrou em vigor já nesta quarta. Esse é mais um capítulo da escalada da guerra comercial entre as duas potências mundiais, que se intensificou na última semana. Entenda, ponto a ponto, o embate: Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela de tarifas cobradas de mais de 180 países e regiões, com taxas vão de 10% a 50%. As taxas menores passaram a valer já no último sábado (5). As maiores, que visam atingir países com os quais os EUA têm déficit comercial, seriam cobradas a partir de hoje.A China foi um dos países atingidos — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa alíquota se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.Como resposta ao "tarifaço", o governo chinês impôs, na sexta passada (4), tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas.Os EUA decidiram, então, aumentar a aposta. Trump deu um prazo até as 13h (horário de Brasília) desta terça-feira (8) para o país asiático retirar as tarifas, ou seria ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%.A China não recuou e ainda afirmou que estava preparada para "revidar até o fim". Nesta quarta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sugeriu que Trump usou as tarifas para criar vantagens de negociação. "Essa foi a estratégia dele o tempo todo", disse a repórteres. "E pode-se até dizer que ele incitou a China a uma posição ruim. Eles reagiram. Eles se mostraram ao mundo como os maus atores." Reflexos nos mercados Apesar da nova ofensiva contra os chineses, o recuo de Trump em relação ao tarifaço fez o humor dos mercados mudar completamente. Os principais índices dos EUA dispararam e fecharam com ganhos de até 12% nesta quarta. Veja abaixo o desempenho: Dow Jones avançou 7,87%, aos 40.608,45;SP 500 avançou 9,52%, aos 5.456,9;Nasdaq avançou 12,16%, aos 17.124,97. Com os resultados, o índice Nasdaq registrou sua maior alta diária desde 2001, enquanto o SP 500 teve seu melhor desempenho desde 2008. Para o Dow Jones, foi o melhor dia desde 2020. Os mesmos índices tinham despencado na última semana, chegando a derreter até 10%. Um dia após o detalhamento do tarifaço, por exemplo, as bolsas norte-americanas registraram as maiores quedas em um único dia desde 2020 — ano em que o planeta enfrentava a pandemia de Covid-19. Bolsas da Ásia e da Europa também despencaram em consequência da guerra comercial. Aqui no Brasil, o dólar disparou nos últimos dias e se tornou a terceira moeda que mais perdeu valor contra o dólar desde o tarifaço. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, acumulou quedas. O cenário, no entanto, se inverteu também nos mercados brasileiros após o anúncio de Trump de que irá pausar a aplicação geral de tarifas: o dólar passou a cair e fechou em queda de 2,54%, a R$ 5,84. O Ibovespa disparou 3,12%, aos 127.796 pontos.