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Dólar, bolsas, bitcoin: veja o impacto do tarifaço de Trump nos mercados

Oferecido por Por Júlia Nunes, g1 12/04/2025 04h00 Atualizado 12/04/2025 O tarifaço de Trump provocou um verdadeiro caos nos mercados financeiros de todo o mundo nos últimos dias. Desde o dia 2 de abril, quando Trump anunciou tarifas globais, as bolsas de valores viveram quedas e saltos históricos, relacionados às decisões do republicano. Os investidores temem que as tarifas encareçam os produtos que chegam ao país, pressionando a inflação e diminuindo o consumo, o que pode provocar uma desaceleração da maior economia do mundo e até uma recessão global. Até o momento, o resultado do tarifaço foi de queda nas bolsas de valores, bitcoin e petróleo; o ouro, considerado ativo mais seguro, registrou alta. O dólar avançou sobre o real, mas caiu no índice DXY, que o compara a uma cesta de outras seis moedas fortes. Os juros dos títulos públicos americanos subiram. Trader trabalha no pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), em 11 de abril de 2025 — Foto: REUTERS/Brendan McDermid O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou um verdadeiro caos nos mercados financeiros de todo o mundo nos últimos dias. Desde o dia 2 de abril, quando Trump anunciou tarifas de 10% a 50% sobre produtos importados de mais de 180 países, as bolsas de valores viveram quedas e saltos históricos, relacionados às decisões do republicano. Os investidores temem que as tarifas encareçam os produtos que chegam ao país, pressionando a inflação e diminuindo o consumo, o que pode provocar uma desaceleração da maior economia do mundo e até uma recessão global. Neste contexto, "a incerteza de como vão ficar as relações comerciais e o impacto que isso tem na economia faz com que os investidores fujam dos ativos de risco e busquem proteção", explica o analista financeiro Vitor Miziara. O resultado do tarifaço até o momento foi de queda nas bolsas de valores, bitcoin e petróleo, enquanto o ouro, considerado ativo mais seguro, registrou alta. O dólar, por sua vez, subiu frente a moedas emergentes, como o real, mas perdeu valor em países desenvolvidos. Os juros dos títulos públicos americanos subiram. Veja abaixo como o tarifaço de Trump impactou cada um desses ativos. Bolsas de valores As bolsas de valores dos EUA, Ásia e Europa despencaram nos dias seguintes à divulgação do tarifaço e caíram ainda mais à medida em que a China anunciou retaliações às taxas americanas, ampliando os efeitos da guerra comercial entre os dois países. Na quarta-feira (9), então, Trump anunciou uma redução para 10% nas taxas aplicadas para a maioria das nações atingidas pelo tarifaço, com exceção da China, e as bolsas dispararam. A alta, porém, não foi suficiente para compensar as perdas da maioria dos ativos, com investidores ainda cautelosos com as inúmeras tarifas que seguem em vigor, apesar da redução, e a escalada da guerra tarifária com a China. Veja o desempenho das principais bolsas pelo mundo desde o anúncio do tarifaço: Nos EUA, o Dow Jones caiu 4,76%, o SP 500 caiu 5,50% e o Nasdaq caiu 5,10%, apesar de ter registrado sua maior alta desde 2001 após o anúncio da redução do tarifaço. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50, que reúne ações de 50 das principais empresas da Europa, caiu 9,52%. Na Ásia, o CSI 1000 (da China) caiu 6,61%, o Hang Seng (de Hong Kong) caiu 9,86%, o Nikkei 225 (do Japão) caiu 5,99%, e o Kospi (da Coreia do Sul) caiu 2,91%. No Brasil, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, caiu 2,67%. Por aqui, a bolsa chegou a se segurar logo após o tarifaço, já que o Brasil recebeu a menor taxa, mas despencou no dia seguinte, acompanhando o movimento global. Dólar Considerado um ativo seguro, o dólar teve alta de 3,03% em relação ao real desde a divulgação do tarifaço. Durante a semana, chegou a encostar nos R$ 6,10, mas, nesta sexta-feira (11), fechou em R$ 5,87. A moeda americana, porém, tem perdido valor frente a de outros países desenvolvidos. O índice DXY — que compara o dólar a uma cesta de outras seis moedas fortes, como o euro e o iene japonês — caiu 3,75% desde a divulgação do tarifaço. O motivo é que a busca de muitos investidores por proteção não está sendo, necessariamente, nos EUA, epicentro da guerra comercial, afirma o especialista em câmbio Luan Aral, da Genial Investimentos. Eles também têm comprado outras moedas seguras, o que faz com que elas se valorizem em relação ao dólar, explica. LEIA TAMBÉM: Por que o real viveu dia de 'gangorra' em relação ao dólar em meio a vai e vem de tarifasReal é a 3ª moeda que mais perdeu valor contra o dólar desde o tarifaço; veja ranking Bitcoin Assim como a maioria dos ativos de risco, as criptomoedas também estão sofrendo com o tarifaço de Trump. Na segunda-feira (7), o bitcoin, a criptomoeda mais famosa do mundo, atingiu sua menor cotação de 2025 até agora, chegando a US$ 74.524. Vale lembrar que o bitcoin iniciou o ano cotado a mais de US$ 94 mil e chegou a ser negociado na casa dos US$ 109 mil. A empolgação foi motivada pela posse de Trump como presidente, pois investidores acreditavam que ele poderia favorecer a desregulamentação do mercado. No entanto, desde os primeiros anúncios de tarifas impostas por Trump, no início de fevereiro, a criptomoeda passou a registrar uma queda contínua. Desde o dia 2 de abril, especificamente, o bitcoin teve uma alta de 1,76%, atualmente cotado em US$ 83 mil. Petróleo O petróleo bruto é a commodity mais negociada no mundo e sofreu perdas expressivas após o tarifaço. A explicação é que, num cenário de recessão mundial, haveria uma diminuição muito grande da demanda por petróleo. Além disso, o aumento da produção autorizado pela OPEP colabora para baixar os preços. No dia 2 de abril, o barril do petróleo tipo Brent era negociado a até US$ 75,47, mas chegou a cair para US$ 58,40, o menor valor em quatro anos, após quatro quedas seguidas. O avanço de 4,23% na quarta (9), após o anúncio da redução das tarifas, não foi suficiente para recuperar o valor perdido. Desde o tarifaço, caiu 13,67%. E, se o preço do petróleo diminui no mercado internacional, a maior empresa do Brasil sofre impactos. O valor de mercado da Petrobras vem caindo desde o anúncio das novas tarifas. Ouro Em meio às incertezas da guerra comercial, o ouro é um ativo seguro que não para de crescer. Ele começou o ano cotado a US$ 2.669 e, nesta sexta-feira (11), fechou em U$ 3.255,94. Apesar de uma queda no meio do caminho, o preço do ouro subiu 2,82% desde o início do tarifaço, em 2 de abril. Treasuries Treasuries, os títulos públicos emitidos pelo governo americano, são investimentos considerados os mais seguros do mundo. É natural, portanto, que eles avancem em momentos de crise. Mesmo assim, dessa vez, a percepção negativa de investidores, empresários e da população em geral sobre as tarifas de Trump chegaram a levantar incertezas sobre a confiabilidade dos títulos norte-americanos. O mercado, então, passou a exigir um maior retorno pelos títulos públicos americanos, para que a rentabilidade melhor compense os riscos de investir no país. Desde o anúncio do tarifaço em 2 de abril, os juros para os títulos americanos subiram. Veja: Treasuries com vencimento em 2 anos acumulam alta de 3,41%;Treasuries com vencimento em 10 anos acumulam alta de 9,16%;Treasuries com vencimento em 30 anos acumulam alta de 8,38%.


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