2015_educacao
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Aprovado na Universidade de Chicago, Gil do Vigor dá dicas de como 'não se lascar' estudando fora: 'Sofri com crises de ansiedade' Por Luiza Tenente, g1 20/09/2024 05h30 Atualizado 20/09/2024 Quer estudar fora? Gil do Vigor dá dicas de como ‘não se lascar’ “Eita, como ele vigora!”, diz o economista e ex-BBB Gil do Vigor, a respeito dele mesmo. E com razão: o pernambucano de 33 anos foi aprovado, nesta quinta-feira (19), para estudar economia do crime na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Gil concilia a carreira artística – apresentação de quadros em programas de variedades e dezenas de parcerias publicitárias – com um currículo lattes “internacional”, que é, sem dúvidas, motivo de regozijo (impossível não usar essa palavra). Depois de fazer a graduação, o mestrado e o doutorado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele saiu do “BRA-SILL” e: cursou o PhD na Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos;neste mês, ainda fez um summer school (curso de verão de curta duração) no Centro Studi Luca d’Agliano, em Florença, na Itália, com aulas em um castelo na Toscana;será pesquisador em Chicago;além de planejar ser “aluno-visitante” na Universidade de Princeton, nos EUA, em 2025. Em entrevista ao g1, Gil contou os detalhes da sua experiência como estudante estrangeiro – tanto das vezes em que “se lascou” quanto dos momentos das “cachorradas” e “tchaqui tchaquis” (calma, o texto é liberado para menores de 18 anos). Ainda deu dicas para superar as dificuldades com a língua inglesa e suportar a pressão do ambiente acadêmico. O ex-BBB é tão ligado a temas de educação que até prestará o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em novembro, para incentivar que mais jovens façam a prova. “Se uma pessoa que tinha desistido de participar mudar de ideia depois de ver meu exemplo, já valeu a pena. Quero que enxerguem o Enem com a devida importância que ele tem”, diz. Ex-BBB e economista, Gil do Vigor é aprovado na Universidade de Chicago Como encarar outro idioma? Gil afirma que não é preciso ser proficiente em inglês (ou em outra língua estrangeira) para aceitar o desafio de estudar fora. “Eu passo um dia inteiro, de 8 a 10 horas, para escrever dois parágrafos – e, às vezes, ainda apago tudo no dia seguinte”, diz. “Eu ficava me cobrando muito, mas preciso aceitar que sou um estrangeiro em processo de evolução do idioma. E os professores entendem essa falta de fluência no começo. Obviamente, é esperado que o aluno se esforce, se dedique e, com o tempo, melhore. O mais importante é que ele se faça entender.” Um momento em que Gil diz que “se lascou” foi quando, em março de 2023, mesmo dominando todo o conteúdo de uma prova de macroeconomia, perdeu quase todos os pontos ao confundir a tradução de apenas um termo. "Eu ia tirar 10. Mas a palavra errada dava o sentido inverso do que eu queria falar. Mudou o contexto", desabafou em um vídeo postado no Instagram. Ao g1, ele relembra que o episódio o fez chorar, mas diz que, com o tempo, passou a ser mais gentil consigo mesmo. “Foi um processo de aprendizado. Somos seres humanos imperfeitos. Quantas pessoas, no processo de aprenderem um idioma, não acabam colocando uma palavra errada que altera o entendimento?” No “manual de sobrevivência” para o estudante estrangeiros, Gil recomenda: Buscar apoio de conhecidos e não ter vergonha de pedir ajuda -> “Escrevo uma página, mando para todos os meus amigos e falo: ‘gente, me digam se está bom ou se está ruim’. É um processo em que a gente vai melhorando. O mundo acadêmico é feito dessas trocas”, afirma o economista.Antes de entrevistas de processos seletivos, treinar as possíveis perguntas -> “Eu pego algumas questões básicas e treino o que responder em cima daquilo. Se você ficar nervoso na hora, vá falando do jeito que conseguir. Dá para meter um português ali no meio; o importante é tentar. Vão para cima!”. Tentar automatizar o inglês aos poucos -> “Hoje, eu já consigo formular alguns parágrafos em inglês sem precisar pensar antes em português. Mas, no começo, não saía. Eu escrevia em português, sabendo o que eu queria dizer, e depois começava a escrever em inglês”, afirma. Ele dá um exemplo sobre a dica nº 3: “Não era uma tradução exata, mas me ajudava porque aí eu sabia mais ou menos o conteúdo do que tinha de colocar. Por exemplo: ‘Pernambuco, durante anos, foi o estado da região Nordeste com a maior taxa de homicídios entre jovens’. Aí escrevia em inglês e depois via se estava legal: ‘One of the biggest issues in Pernambuco, a state from Brazil, …’” E a saúde mental? Dá uma bagunçada? Gil do Vigor — Foto: Reprodução O que Gil colocaria no paredão (e ainda torceria para que a rejeição fosse maior do que a da Karol Conká no BBB21)? A ansiedade causada pela pressão do mundo acadêmico. “Tive diversas crises, a ponto de ir parar no hospital, achando que estava tendo um ataque cardíaco. Eu pensava que não ia conseguir mais e falava: ‘tô morrendo, tô morrendo!’. Mas era só a minha mente”, diz. “Sei que não é uma realidade só minha. É comum que isso aconteça na universidade. Estou me tratando, acompanhado por uma psicóloga.” Aliado ao atendimento terapêutico, outro elemento essencial para a recuperação de Gil foi o “pacote de distrações”: Vamos ao manual: Buscar ter ao menos um momento de lazer e distração durante o dia -> “Pode ser algo de entretenimento, uma academia, um namoro, qualquer coisa que te tire disso [dos afazeres relacionados aos estudos]. “Para sair das crises, eu mudava o foco: via uma série, ouvia música, relaxava. As pessoas me perguntavam como eu conseguia fazer o PhD e ainda ver BBB. E eu digo: como eu faria o PhD sem ver BBB? Era meu escape.”Descobrir novas formas de lazer -> “Hoje, tenho meus amigos da igreja. Toda terça e quinta, quando estou nos Estados Unidos, jogo vôlei à noite com eles. Vamos comer alguma coisa, conversar sobre assuntos gerais, fazer um esporte. Faz tempo que não tenho nenhuma crise”, diz. Foco — e controle nas ‘cachorradas’ Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor, ficou em quarto lugar no BBB — Foto: Reprodução/TV Globo Gil diz que é importante se divertir, mas calma lá: é preciso manter a disciplina, explica. “Eu não bebo durante a semana, porque estou estudando e tenho essa consciência. Quando são férias, aí, sim, vigoro! Mas, durante o período de aulas, evito. Na Itália, a gente saía para conversar, tomar um suco”, conta. E as “cachorradas” também foram controladas — para que nada tirasse o foco do summer school. “Não teve tchaqui tchaqui, mas dei um selinho lá. Não posso dizer em quem, mas não era brasileiro!”, brinca. O economista aproveitou o tempo livre durante a estada em Florença para tirar dúvidas, fazer contatos e conhecer coautores para possíveis pesquisas no futuro (na área de economia do crime). “A gente debatia a desigualdade como motivadora de conflitos. Foi superlegal!”, conta. E só um participante do curso, que era brasileiro, sabia quem é Gil do Vigor — mas manteve a discrição. Quando, no fim da viagem, o restante da turma encontrou o ex-BBB no Instagram, foi uma festa. Começaram a disparar perguntas: “Como você tem tantos seguidores? Como assim? Olha os famosos que te seguem!!”. “Foi aquela cachorrada, todo mundo resenhando”, brinca Gil. “Ou cachorrated.”