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'Como foi seu dia na escola?' - 'Legal': veja dicas para que o diálogo com os filhos supere as respostas vazias Por Emily Santos, g1 11/02/2025 05h30 Atualizado 11/02/2025 Especialista em psicologia da família dá dicas de como melhorar o diálogo entre pais e filhos. Trocas cotidianas entre pais e filhos pode trazer diversos benefícios para ambos os lados. Pratica impacta autoestima, autoconfiança, capacidades de socialização e mais aspectos psicológicos dos jovens. Também pode acarretar melhoras e benefícios para os pais, como na capacidade de gerenciamento de emoções. Ilustração de pais conversando com os filhos. — Foto: Freepik Como foi seu dia? - Legal Foi tudo bem na escola? - Tudo O que aprendeu hoje? - Sei lá. Quem tem filhos, especialmente adolescentes, sabe que essas perguntas costumam receber respostas genéricas. A mineira Bruna Rodrigues conta que passava por situações como essa com o filho, Caio, de 12 anos, até que decidiu dar um basta. “Eu propus que todo dia ele me contasse uma curiosidade sobre o dia dele. Não precisava ser nada elaborado, desde que fosse algo que tivesse chamado a atenção dele”. Ela conta que não deu certo de cara, e as curiosidades eram muito genéricas “No começo, ele falava ‘tive prova de matemática hoje’, ou ‘o coleguinha Fulano faltou hoje’”. Eram coisas muito genéricas. Mas, com o tempo, isso foi mudando. Essa dinâmica já dura há alguns meses, e Bruna avalia que a relação com o filho melhorou neste tempo. Ela diz que passou a conhecer melhor os interesses do filho, e que tem mais abertura para falar com ele. A importância da relação entre pais e filhos Segundo a especialista em psicologia da família Adriana Aguero, uma boa relação de trocas cotidianas de pais, ou figuras de responsabilidade em geral, com crianças e adolescentes pode impactar psicologicamente diversos aspectos nos jovens, como: Autoconfiança e autoestima.Capacidades de socialização.Capacidade de análise crítica. Além disso, os filhos também tendem a confiar e a ser mais abertos e sinceros com os pais. Os pais também experienciam benefícios e melhorias em capacidades de gerenciamento de emoções, de argumentação e comunicação em geral, além de aprofundar laços com os filhos. “Tanto os pais quanto os filhos se beneficiam de uma relação saudável e de confiança. Mas este tipo de troca não é fácil ou automático, especialmente na adolescência, quando os jovens tendem a se afastar de figuras de autoridade e a estreitar laços com os amigos”, avalia a especialista. Por isso, os pais precisam derrubar a barreira da indiferença que costuma aparecer neste período, segundo Aguero. A especialista diz que isso pode ser feito cotidianamente e aos poucos. E, enquanto as perguntas genéricas podem atrapalhar a dinâmica, ela dá outras dicas que podem ajudar os pais a se aproximarem dos filhos. Não faça um interrogatório “Adolescentes não gostam de se sentir testados ou pressionados. Por isso, não faça um bombardeio de perguntas. Escolha uma pergunta e, a partir da resposta, faça outro questionamento.” Ela diz que o melhor é não depender de um repertório fixo, que não considere as particularidades da rotina, da personalidade e das relações das crianças. Evite perguntas genéricas “Se quer uma resposta interessante, faça uma pergunta interessante”, diz a especialista. Sair do óbvio e fazer questionamentos mais direcionados pode surtir efeito. Conhecer particularidades como disciplinas favoritas, calendários escolares, interesses pessoais e afinidades da criança pode ajudar a direcionar essas trocas. Se esforçar para saber essas coisas também é um bom ponto de partida, segundo Aguero. Seja sincero “Seu filho vai perceber se você está perguntando só por perguntar. Então, pergunte com intenção, com vontade de ouvir a resposta, e não apenas finja que ouviu”. Por isso, é fundamental demonstrar sinceridade e estar aberto para conversar com a criança. Bruna concorda com as dicas da especialista. "Desde que passei a estar mais presente para o meu filho, ele passou a estar mais presente para mim também. E, se tratando de um adolescente, acho que é tudo que posso pedir", finaliza ela, rindo. Uso do celular causa impacto na educação de crianças e adolescentes nas escolas