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Ibovespa tem queda de 1,5% após recorde histórico; dólar cai a R$ 5,64 Oferecido por Por Redação g1 — São Paulo 21/05/2025 09h00 Atualizado 21/05/2025 O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 1,59% nesta quarta-feira (21), após o recorde da véspera, quando o índice bateu os 140 mil pontos pela primeira vez. O dólar também caiu, encerrando o dia cotado a R$ 5,64. O foco do mercado segue nos Estados Unidos, após a agência Moody’s rebaixar a nota de crédito do país. A classificação caiu de "AAA" para "AA1", com a perspectiva passando de "negativa" para "estável". Segundo a agência, o aumento da dívida americana elevou a preocupação com as contas públicas do país. Ibovespa — Foto: Burak The Weekender/Pexels O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 1,59% nesta quarta-feira (21), após o recorde da véspera, quando o índice bateu os 140 mil pontos pela primeira vez. O dólar também caiu, encerrando o dia cotado a R$ 5,64. O foco do mercado segue nos Estados Unidos, após a agência Moody’s rebaixar a nota de crédito do país. A classificação caiu de "AAA" para "AA1", com a perspectiva passando de "negativa" para "estável". Segundo a agência, o aumento da dívida americana elevou a preocupação com as contas públicas do país. Isso porque a dívida de US$ 36 trilhões dos EUA pode aumentar mais caso avance o pacote de cortes de impostos proposto pelo ex-presidente Donald Trump. A estimativa é de que a medida adicione entre US$ 3 trilhões e US$ 5 trilhões à dívida nos próximos 10 anos. Além disso, os mercados acompanham os desdobramentos da política comercial de Trump, com expectativa de novos acordos tarifários. Nesta quarta-feira (21), 12 estados norte-americanos entraram com uma ação judicial para suspender as tarifas do republicano, alegando que Trump extrapolou sua autoridade ao declarar emergência nacional para taxar parceiros comerciais. Veja abaixo o resumo dos mercados. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair Dólar O dólar fechou em queda de 0,46%, cotado a R$ 5,6431. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,6401. Veja mais cotações. Com o resultado, acumulou: recuo de 0,45% na semana;queda de 0,60% no mês; eperda de 8,68% no ano. Na véspera, a moeda americana fechou em alta de 0,26%, cotada a R$ 5,6692. Ibovespa O Ibovespa fechou em queda de 1,59%, aos 137.881 pontos. O destaque corporativo foram as ações da Gol, que dispararam um dia após a aérea informar que seu plano de reestruturação foi aprovado pela Justiça dos EUA. O papel da Gol subiu 34,31%, a R$1,37. De acordo com analistas do BTG Pactual, a aprovação do tribunal reduz significativamente a incerteza quanto à reestruturação financeira da Gol e aumenta a flexibilidade estratégica da empresa no futuro. Com o resultado, o índice acumulou: queda de 0,94% na semana;avanço de 2,08% no mês; eganho de 14,63% no ano. Na véspera, o índice fechou em alta de 0,34%, aos 140.110 pontos, um novo recorde. O que está mexendo com os mercados? A notícia do rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela agência Moody's fez o dólar cair em relação aos seus principais rivais desde o início da semana, após vários ganhos consecutivos. Como justificativa para o rebaixamento, a agência citou o aumento da dívida dos EUA e os juros a níveis "significativamente mais altos do que os de [países] soberanos com classificação semelhante". "As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros", disse a Moody's em um comunicado. "Isso acontece em um momento delicado para o governo, que tenta aprovar um orçamento no Congresso até o início de julho. Isso levanta novas questões legítimas sobre o déficit, o status de refúgio dos títulos do Tesouro e o dólar", disse Kenneth Broux, chefe de pesquisa corporativa de câmbio e taxas do Société Générale. Acordos sobre tarifas O mercado também continua à espera de possíveis novos acordos dos EUA com seus parceiros comerciais, para diminuir os impactos do tarifaço de Trump. Além da trégua com a China, no início deste mês, Washington assinou um acordo com o Reino Unido. Trump também já disse anteriormente que tem possíveis acordos com a Índia, com o Japão e com a Coreia do Sul no radar. A lógica do mercado é que o aumento das tarifas sobre produtos importados pelos EUA pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global. Nesta terça-feira (20), o presidente da distrital do Fed em St. Louis, Alberto Musalem, afirmou que mesmo após o acordo entre EUA e China, o mercado de trabalho parece estar enfraquecendo e os preços devem subir. Ele destacou, ainda, que uma resposta equilibrada da política monetária permanece "viável", caso a população continue esperando que a inflação caia para a meta de 2%. Segundo Musalem, no entanto, sem expectativas de inflação bem ancoradas, o Fed deve "priorizar a estabilidade de preços diante de pressões inflacionárias persistentes". O banqueiro central ainda indicou que a alta incerteza em relação às políticas de Trump pode desacelerar significativamente a economia, à medida que famílias e empresas suspendem gastos e investimentos enquanto aguardam por mais clareza. "Na medida em que a economia exige que os gastos de capital continuem ocorrendo, que exige que as contratações continuem ocorrendo, e se todas essas decisões foram de alguma forma suspensas devido à incerteza, isso afetaria a perspectiva econômica", afirmou Musalem. E no Brasil? Por aqui, o mercado financeiro está à espera da divulgação, nesta quinta (22), do relatório bimestral de receitas e despesas do governo. Há uma expectativa de que a equipe econômica faça uma contenção significativa de despesas já nesta primeira publicação, a fim de passar a mensagem de que vai adotar as medidas necessárias para cumprir a meta fiscal de 2025. Na última segunda-feira (19), uma fala do presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, animou os investidores. Ele disse que faz sentido manter os juros em patamar alto por mais tempo, reforçando o compromisso do BC de conter a inflação no país. A instituição tem dito claramente que uma desaceleração da economia brasileira é um "elemento necessário para a convergência da inflação à meta". A lógica é que juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda. Assim, se o governo amplia os gastos e anuncia ações para estimular a economia, pode ficar mais difícil conter as pressões inflacionárias, segundo analistas.