0308_ciencia
0308_ciencia
Relembre 5 boas notícias da ciência em 2024 Por Roberto Peixoto, g1 31/12/2024 02h00 Atualizado 31/12/2024 Em 2024, algumas boas notícias científicas foram destaque no g1, principalmente no campo da Saúde e da Astronomia. Por isso, para alegrar este finzinho de ano, nós reunimos 5 histórias inspiradoras, revolucionárias e históricas do ano. A retrospectiva de notícias positivas tem remédio injetável 100% eficaz contra o HIV, o primeiro transplante em humano com rim de porco, um oceano "escondido" de água líquida em Marte, o Brasil livre do sarampo e mais. MAIS RETROSPECTIVAS: Retrospectiva 2024: FOTOS e IMAGENS do anoQUIZ: teste sua memória sobre acontecimentos de 2024 Veja abaixo alguns desses principais marcos da ciência em 2024. 1. Remédio injetável 100% eficaz na prevenção do HIV Em julho, um estudo clínico revolucionário revelou que o lenacapavir, um medicamento antirretroviral injetável aplicado semestralmente, demonstrou 100% de eficácia na prevenção da infecção pelo HIV. A pesquisa, realizada na África do Sul e em Uganda, envolveu mais de 2 mil participantes e mostrou resultados tão promissores que o ensaio clínico foi interrompido precocemente. A descoberta, inclusive, foi classificada pela revista Science como o "avanço científico do ano de 2024", uma vez que o medicamento oferece uma esperança de acelerar os esforços para acabar com a Aids como ameaça à saúde pública até 2030 - meta que faz parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Agora a Gilead Sciences, desenvolvedora do lenacapavir, vem enfrentando uma grande pressão internacional para garantir que a droga seja acessível globalmente. Droga, chamada comercialmente de Sunlenca, é um tratamento injetável aplicado somente duas vezes por ano. — Foto: AP via Business Wire 2. Primeiro transplante em humano com rim de porco No começo do ano, o médico brasileiro Leonardo Riella liderou um marco histórico na medicina: o primeiro transplante bem-sucedido de rim de porco geneticamente modificado em um ser humano vivo. O procedimento foi realizado em 16 de março em Boston, Estados Unidos, no paciente Richard Slayman, de 62 anos, que sofria de doença renal em estágio avançado. A cirurgia levou cerca de três horas e a pesquisa para o procedimento foi desenvolvida ao longo de cinco anos, em parceria com a empresa eGenesis. Médicos de todo o mundo celebraram a inovação, pois ela oferece esperança para milhares de pacientes que aguardam um transplante de rim. No Brasil, 92% da fila de transplantes é para rins, com cerca de 39 mil pessoas esperando. Atualmente, esses pacientes dependem de hemodiálise diária e enfrentam severas restrições de líquidos. O uso de rins de porcos geneticamente modificados pode revolucionar esse cenário, reduzindo o tempo de espera e melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes renais crônicos. Infelizmente, apesar do sucesso inicial, Slayman faleceu em maio, quase dois meses após o transplante. Mas sua equipe médica informou que não havia indícios de que a morte estivesse relacionada ao procedimento, e a família do paciente expressou gratidão pelo tempo adicional que tiveram juntos com ele graças ao transplante. Primeiro transplante de rim de porco para humano vivo foi realizado com sucesso — Foto: Divulgação/Massachussets General Hospital 3. Oceano 'escondido' de água líquida em Marte Em agosto, cientistas anunciaram a empolgante descoberta de que Marte pode conter um "oceano escondido" de água líquida em seu subsolo. A conclusão se baseou em medições sísmicas realizadas pela sonda Mars InSight, da Nasa, a agência espacial norte-americana. O estudo, publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", sugere que a água estaria localizada entre 11,5 e 20km de profundidade na crosta marciana. Isto é, uma quantidade suficiente para formar um oceano global com cerca de 1 a 2km de profundidade. Agora embora a descoberta ainda não tenha confirmado a existência de vida no nosso Planeta Vermelho, ela também foi bastante celebrada por indicar a presença de ambientes potencialmente habitáveis. Isto é, o achado representa um avanço significativo na compreensão da humanidade sobre Marte e abriu novas possibilidades para futuras explorações no planeta. Marte, o Planeta Vermelho, visto em um mosaico de fotos da Viking Orbiter. — Foto: NASA/JPL-Caltech LEIA TAMBÉM: Sonda da Agência Espacial Europeia indica novos reservatórios de água em MarteJames Webb divulga suas primeiras imagens de MarteEspecialista explica o que são as 'evidências de vida' encontradas por robô da Nasa em Marte Viajar para Marte poderá causar problemas renais graves 4. Brasil livre do sarampo Em novembro, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) entregou ao Brasil a recertificação de eliminação do sarampo, rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita. O país já havia conquistado esse status em 2016, mas perdeu o certificado em 2019 após surtos. Desde 2022, não há registro de casos autóctones da doença. Para recuperar o certificado, o Brasil fortaleceu a vacinação, a vigilância epidemiológica e a resposta a casos importados. O feito é muito importante porque o sarampo é altamente contagioso e pode levar a complicações graves, como pneumonia e encefalite. A vacina tríplice viral, disponível gratuitamente, protege contra sarampo, rubéola e caxumba e é fundamental para manter o controle da doença no Brasil. 5. Sonda da Nasa atinge a maior aproximação do Sol Também agora no final do ano, a Parker Solar Probe se tornou o objeto a chegar mais próximo do Sol na história da exploração espacial. Lançada em 2018, a sonda da Nasa alcançou chegou a apenas 6,1 milhões de quilômetros da superfície solar, suportando temperaturas de 982ºC e atingindo a velocidade de 692 mil km/h. Durante o seu sobrevoo, que ocorreu em 24 de dezembro, ela voou pela coroa solar, a atmosfera externa do Sol, em um feito inédito. Ilustração mostra a Parker Solar Probe se aproximando do Sol: medições da sonda da Nasa e outra da Agência Espacial Europeia (ESA) permitiram aos cientistas identificar de onde pode estar vindo a energia que acelera e aquece o vento solar depois que ele sai do Sol. — Foto: NASA A missão teve como objetivo estudar os impactos do Sol na Terra, como os efeitos do clima espacial sobre satélites e redes de energia, além de rastrear a origem do vento solar, fenômeno previsto em 1958 pelo físico Eugene Parker, que deu nome à sonda. Com previsão de término em 2025, a missão da Parker Solar Probe já trouxe dados que permitiram reescrever conhecimentos sobre o Sol e impulsionar o desenvolvimento de materiais mais resistentes, ajudando a proteger infraestruturas essenciais do nosso planeta. 39,9 milhões de pessoas vivem com o HIV no mundo; 7 pessoas se curaram