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0122_ciencia

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'Música' das estrelas pode ajudar a responder perguntas sobre formação da Via Láctea Por Júlia Carvalho, g1 02/04/2025 12h00 Atualizado 02/04/2025 Os "terremotos estelares" (variações no brilho de uma estrela) podem ser traduzidos em frequências, algo semelhante ao funcionamento de instrumentos musicais. Apesar desses sons não poderem ser escutados diretamente, as frequências podem ser medidas analisando as mudanças no brilho das estrelas. Análise permite o desenvolvimento de estimativas mais precisas sobre a idade das estrelas e, consequentemente, sobre a evolução da nossa galáxia. Impressão artística de uma estrela gigante vermelha. — Foto: Claudia Reyes/ANU Uma espécie de música capaz de oferecer novas pistas sobre a evolução da nossa galáxia ao longo do tempo. Essa foi a descoberta de um estudo publicado nesta quarta-feira (2) na revista científica "Nature". Muito além de uma simples trilha sonora de filmes de viagem no espaço, o grupo de pesquisadores descobriu que as flutuações no brilho de algumas estrelas – chamadas de "terremotos estelares" (ou starquakes, em inglês) – podem ser traduzidas em frequências. Assim, cada estrela "toca" seu conjunto de frequências, de forma semelhante com o que acontece com os instrumentos musicais. "Não podemos ouvir esses sons diretamente, mas podemos medir suas frequências analisando mudanças no brilho observado da estrela", explica Claudia Reyes, pesquisadora da Universidade Nacional da Australia e uma das autoras principais do estudo. De acordo com a pesquisadora, cada frequência revela informações sobre o tamanho, a composição química e a estrutura interna da estrela. (entenda mais abaixo) LEIA TAMBÉM: Quipu: a megaestrutura cósmica que desafia nossa compreensãoEm achado inédito, astrônomos descobrem par de poderosos buracos negros do 'Amanhecer Cósmico' O som e a evolução das estrelas Os terremotos estelares acontecem com determinados tipos de estrelas e levam a um contínuo aumento e diminuição de brilho. Ao observar cuidadosamente essas flutuações, é possível "ouvir" o ritmo musical de uma estrela, monitorando sua frequência. Reyes explica que, como as estrelas são imensas, as frequências são incrivelmente lentas. Ela compara com os instrumentos baixos em uma sinfonia, que produzem notas mais graves. "Quando observamos um grupo de estrelas, é como se estivéssemos ouvindo uma orquestra cósmica, com cada estrela contribuindo com sua própria melodia", analisa. Ela ainda acrescenta que, à medida que uma estrela envelhece, sua massa e estrutura interna mudam. Com isso, ela passa a emitir diferentes frequências. Ao atingir um determinado ponto de sua vida, a frequência é temporariamente interrompida. É como se o sinal ficasse preso, se repetindo como um disco riscado antes de avançar – ou o que os cientistas chamam de platô. "Descobrimos que o platô acontece devido a eventos em uma camada específica da estrela [...] isso significa que podemos prever quando e em qual frequência o platô ocorrerá durante o ciclo de vida da estrela", comenta Reyes. Essa análise permite que sejam feitas estimativas extremamente precisas da idade das estrelas que estão nessa fase. Música estelar e a história da galáxia No estudo, o grupo analisou as frequências emitidas por estrelas em uma região da nossa galáxia conhecida como aglomerado aberto M67. Reyes afirma que um dos principais motivos da escolha dessa área foi por apresentar características semelhantes às estrelas próximas à Terra, como o Sol. Além disso, a análise da idade das estrelas, possibilitada por essa melodia, é essencial para estudar a evolução da Via Láctea. "As estrelas funcionam como registros fósseis, carregando informações sobre eventos passados de formação estelar. Ao aprimorar a precisão para medir suas idades em toda a galáxia, os cientistas podem reconstruir a história da formação da Via Láctea: como ela cresceu, evoluiu e adquiriu a aparência que tem hoje", projeta Reyes. Cientistas podem ter a resposta sobre a cor vermelha de Marte


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