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0096_ciencia

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Telescópio Webb registra planeta sendo engolido por uma estrela; veja Por Redação g1 14/04/2025 07h57 Atualizado 14/04/2025 Telescópio Espacial James Webb registrou um planeta sendo engolido por sua estrela hospedeira. O planeta pertencia a uma classe chamada "Júpiteres quentes" — gigantes gasosos com altas temperaturas devido à órbita muito próxima de sua estrela hospedeira. As observações do Telescópio Espacial James Webb da NASA sobre o que se acredita ser o primeiro evento de engolfamento planetário já registrado — Foto: Nasa Em maio de 2020, astrônomos observaram, pela primeira vez, um planeta sendo engolido por sua estrela hospedeira. Com base nos dados da época, eles acreditavam que o planeta encontrou seu fim quando a estrela inchou no final de sua vida, tornando-se o que é chamado de gigante vermelha. Mas não foi bem isso. (Veja a imagem acima) Novas observações feitas pelo Telescópio Espacial James Webb — uma espécie de exame pós-morte — indicam que o fim do planeta ocorreu de forma diferente do que se pensava. Em vez de a estrela ter vindo até o planeta, parece que foi ele que mergulhou em direção à estrela, com consequências desastrosas: uma queda fatal provocada pela lenta deterioração de sua órbita ao longo do tempo, segundo os pesquisadores. O desfecho foi bastante dramático, como evidenciado pelas consequências documentadas por Webb. O telescópio orbital, lançado em 2021 e operacional desde 2022, observou gás quente provavelmente formando um anel ao redor da estrela após o evento e uma nuvem em expansão de poeira mais fria envolvendo a cena. "Sabemos que há uma boa quantidade de material da estrela que é expelido enquanto o planeta passa por seu mergulho mortal. A evidência posterior é esse material residual empoeirado que foi ejetado da estrela hospedeira", disse o astrônomo Ryan Lau, do NOIRLab da Fundação Nacional de Ciências dos EUA, principal autor do estudo publicado no Astrophysical Journal. A estrela está localizada na nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 12 mil anos-luz da Terra, na direção da constelação de Áquila. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano: 9,5 trilhões de quilômetros. A estrela é ligeiramente mais vermelha e menos luminosa que o nosso Sol, com cerca de 70% de sua massa. Acredita-se que o planeta pertença a uma classe chamada "Júpiteres quentes" — gigantes gasosos com altas temperaturas devido à órbita muito próxima de sua estrela hospedeira. "Acreditamos que provavelmente tinha que ser um planeta gigante, com pelo menos algumas vezes a massa de Júpiter, para causar uma perturbação tão dramática na estrela quanto a que estamos vendo", disse o coautor do estudo Morgan MacLeod, pesquisador de pós-doutorado no Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica. Sonda da Nasa faz a maior aproximação do Sol na história Júpiter é o maior planeta do nosso sistema solar. Os pesquisadores acreditam que a órbita do planeta se deteriorou gradualmente devido à interação gravitacional com a estrela, e levantaram hipóteses sobre o que aconteceu em seguida. "Então, ele começa a raspar a atmosfera da estrela. Nesse ponto, o vento contrário da colisão com a atmosfera estelar assume o controle e o planeta cai cada vez mais rápido em direção à estrela", disse MacLeod. Mas os pesquisadores não podem ter certeza sobre os eventos fatais reais. "Neste caso, vimos como a queda do planeta afetou a estrela, mas não sabemos ao certo o que aconteceu com o planeta. Em astronomia, há muitas coisas grandes demais e 'lá fora' demais para serem experimentadas. Não podemos ir ao laboratório e colidir uma estrela com um planeta — isso seria diabólico. Mas podemos tentar reconstruir o que aconteceu em modelos computacionais", disse MacLeod. Nenhum dos planetas do nosso sistema solar está próximo o suficiente do Sol para que suas órbitas decaiam, como aconteceu neste caso. Isso não significa que o Sol não acabará engolindo algum deles. Daqui a cerca de cinco bilhões de anos, espera-se que o Sol se expanda durante sua fase de gigante vermelha e possa muito bem engolfar os planetas mais internos — Mercúrio, Vênus e talvez até a Terra. Durante essa fase, a estrela expele suas camadas externas, deixando apenas um núcleo para trás — um remanescente estelar chamado anã branca. As novas observações do Webb estão oferecendo pistas sobre o destino final dos planetas. "Nossas observações sugerem que talvez os planetas tenham maior probabilidade de encontrar seu destino final espiralando lentamente em direção à sua estrela hospedeira, em vez de a estrela se transformar em uma gigante vermelha para engoli-los. Nosso sistema solar parece ser relativamente estável, então só precisamos nos preocupar com o Sol se tornando uma gigante vermelha e nos engolindo", disse Lau.


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