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Dia do Professor: em 4 anos, mais de 14 mil servidores da educação foram afastados por problemas de saúde mental no DF Por Bruna Yamaguti, g1 DF 15/10/2023 05h01 Atualizado 15/10/2023 Segundo dados da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Administração do DF (Seplad), de 2019 a 2022, foram emitidas 14.154 licenças para servidores da Educação por "transtornos mentais e comportamentais". Em 2023, de janeiro a abril, foram quase 2 mil afastamentos. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação do DF informou que "adota algumas ferramentas para promover o bem-estar dos seus profissionais e prima por uma gestão de pessoas humanizada". Segundo a professora de psicologia Lêda de Freitas, da Universidade Católica de Brasília (UCB), a profissão professor (a) é cada vez menos valorizada. O professor Wanderley Codo, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), diz que além dos dos fatores ambientais, que já são desfavoráveis, os professores ainda têm que lidar com o fator social de cada aluno. Sala de aulavdo DF, em imagem de arquivo — Foto: TV Globo / Reprodução Em quatro anos, mais de 14 mil servidores da educação precisaram ser afastados das atividades por problemas de saúde mental, no Distrito Federal. Segundo a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Administração (Seplad), de 2019 a 2022, foram emitidas 14.154 licenças por "transtornos mentais e comportamentais". Em 2023, de janeiro a abril, foram quase 2 mil afastamentos. Clique aqui para seguir o novo canal do g1 DF no WhatsApp. "As condições de trabalho pesam para nosso adoecimento mental. Lidar com salas de aula lotadas, alunos que não nos respeitam, familiares ausentes e que não cooperam com nosso trabalho. Enquanto isso, somos cobrados por melhores resultados em avaliações em série, tais como Prova Brasil e Enem”, desabafa Expedito Carneiro, de 33 anos, professor de Língua Portuguesa da rede pública do DF. Neste Dia dos Professores (15), Expedito diz que a ideia de que professores trabalham por amor e vocação também faz com que muitos desanimem quando enxergam os problemas da profissão. "Ouço vários colegas que fazem acompanhamento psicólogo e psiquiátrico e tomam medicação para ansiedade, depressão, síndrome do pânico", diz. Procurada pelo g1, a Secretaria de Educação do DF disse que "adota algumas ferramentas para promover o bem-estar dos seus profissionais e prima por uma gestão de pessoas humanizada". Dentre elas, cita programas de acolhimento psicológico, acolhimento em situação de crise e gerenciamento de estresse. 'Os professores precisam ser escutados' Professor da rede pública de ensino do DF abraça aluno, em imagem de arquivo — Foto: TV Globo/Reprodução A professora de psicologia Lêda de Freitas, da Universidade Católica de Brasília (UCB), pesquisa sofrimento e adoecimento no trabalho. Ela explica que a falta de valorização dos professores por parte do governo começa com o fato de que as demandas da categoria sequer são consideradas. “Nós temos uma burocracia instalada no Estado brasileiro que não sabe o que é uma sala de aula e fica lá pensando política pública para os professores. Os professores precisam ser escutados, eles precisam ser os principais dentro da lógica da educação. E não é isso o que a gente vê na prática”, afirma Lêda. Segundo ela, as principais causas do adoecimento dos professores envolvem : Intensificação das exigências da sociedade contemporânea, sem que sejam proporcionadas melhorias nas condições de trabalho;Remuneração incompatível com o exercício das funções;Salas lotadas e indisciplina de parte dos alunos;Extensa jornada de trabalho, que extrapola a carga horária contratada; Falta de reconhecimento;Falta de apoio e de políticas públicas. "Querem mais educação, querem mais escolarização, mas não cuidam dos professores. Não há reconhecimento do Estado e de toda a sociedade sobre a importância dessa profissão para o país", diz Lêda. Atividade 'de risco' Professora e alunos lêem livros durante aula, em imagem de arquivo — Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil O professor Wanderley Codo, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), diz que lecionar é uma "atividade de risco" em termos de saúde mental. Isso porque, além dos fatores ambientais, que já são desfavoráveis, os professores ainda têm que lidar com o fator social de cada aluno de suas turmas. "No trabalho de professor, ele é obrigado a envolver o afeto. É um trabalho, necessariamente, percorrido pela afetividade. Você não pode educar se você não desenvolve um vínculo afetivo com o seu aluno, você precisa ter algum tipo de relação", diz o pesquisador. Segundo ele, se os professores tivessem condições adequadas de trabalho, eles teriam mais recursos para lidar com as questões que ultrapassam o ato de ensinar – e que são inerentes à profissão. "O aluno pode chegar na aula machucado porque o pai bateu nele, por exemplo. São situações em que o professor precisa entrar, conversar, entender", diz Wanderley Codo. Saúde mental é principal motivo de afastamento de professores, no DF Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.


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